quarta-feira, 18 de julho de 2012

"Se tivesse usado o dinheiro que investi em meus estudos para fazer plásticas, tratamentos estéticos e mantivesse um personal trainer, hoje já estaria casada com um homem rico e com pelo menos 2 filhos para assegurar uma boa pensão. Ao contrário, estou aqui".
Eu repeti esse testículo que ouvi dias atrás em um papo com algumas amigas e de volta, recebi "o problema é que estudar vicia".
Tá aí a porcaria da verdade. Assistir Meia noite em Paris e saber a importância dos personagens lá apresentados para a literatura mundial; Ter um orgasmo cinematográfico por compreender quão cuidadoso Hugo foi criado para homenagear Méliès e saber quem foi Georges M.; Não engolir uma informação que lhe foi passado sem antes fazer uma análise crítica são coisas impagáveis.
E são esses detalhes que nos tornam info addict e ferram com a gente porque como diz o velho e bom ditado, "a ignorância é uma benção".
E a questão toda está no fato de que uma vez estudado, não há como voltar atrás. O cérebro não é como uma esponja que absorve conhecimento e o deleta quando você manda.
Hoje, meu dia teve uma surpresa daquelas que parecem ser boas e bobas, mas acabam com a gente: Chorinho. Um espetáculo teatral que desconhecia detalhes, mas por ter Denise Fraga no elenco, não pude recusar o convite, e fui surpreendida por um projeto que mais uma vez mostrou como estudar, coopilar, processar, são etapas importantes para simplificar e deixar tudo entendível e atraente para qualquer que seja o receptor.
Chorinho trata de discussões que estão vivas em mim. Dia e noite vivo tais conflitos como o de desviar o olhar para encontrar apenas o belo. Ou o de viver na hipocrisia da sociedade atual. Foi 1h30 de tapas na cara. Sai de lá com a angústia latente.
O espetáculo não é dramático, é real. O texto, muito bem escrito, tem as piadas necessárias para relaxar a platéia que não está preparada para tanta densidade. Afinal, ele está no circuito comercial. E também, entender a cidade como espaço vivo, enxergar o outro como ele é e não você gostaria que ele fosse e reconhecê-lo como uma pessoa não é fácil. Entender que são as diferenças que fazem uma comunidade? Nem no reino de Far far away.
Chorinho caiu na estrada. Eu, fiquei aqui digerindo tudo para compreender qual meu papel. Eu juro que não sei se deveria me afastar desse universo que tanto critico. Deixar os ideais da sociedade capitalista de lado e descobrir os meus. Que quem sabe seja viver na praça. Livre de todas as pressões, da angústia. De qualquer forma, enquanto não decido, ou a vida decide por mim, sei que posso encontrar o anestésico necessário para enfrentar o próximo dia no balcão de um bar. Por sorte ou azar, em BH tem no mínimo 1 em cada esquina. C'est la vie.

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