domingo, 28 de agosto de 2011

Mais uma vez amor. Quando vi anúncio desse espetáculo, me interessei por um único motivo: Deborah Secco. Não vou dizer que era para ver as adaptações que fizeram para levar o texto para o teatro, ou babozeiras do estilo. Eu, como 97% das pessoas que lotaram o teatro Sesiminas em BH por 3 dias fomos para ver Bruna Surfistinha/ deputada Natalie L'amour de perto. Já que entrei na onda da honestidade, não era bem a Secco que me fez ir ao Sesiminas. E sim os comentários de um amigo que a conheceu dias antes, durante o Criança Esperança. "Me casaria e teria meus filhos com ela. Mesmo ela com o cabelo gritando por uma hidratação". Tal frase é impactante se você conhece seu autor. Numa tradução, seria dizer que Deborah é um anel de diamantes da Tiffany's no dedo ha 1 mês.
Também não serei hipócrita em dizer que achei justo o que iria pagar. 80 reais. "Mas tudo bem, deve ser divertido", pensei antes de comprar a entrada. Pra piorar, da mesma forma que nada li sobre o espetáculo, também não me antecipei. Consegui chegar 1h antes ao teatro e comprar 2 lugares em uma das últimas fileiras. Só isso já é motivo de comemoração. Sempre estou atrasada. Podia não conseguir entrar.
Lá dentro, o atraso de 28 minutos me cansou um pouco. Havia levantado cedo para trabalhar. Estava fora de casa desde às 7 da matina e já eram 9h28 da noite quando o espetáculo começou. Aquele sinal não parava de apitar na minha cabeça. O que até me faria desistir, se não fosse por um motivo: o cartaz da bilheteria dizia que Mais uma vez amor era uma produção de Deborah Secco.
Isso foi uma grande surpresa pra mim e motivo de interesse. Que projeto era esse? Quais outros a empresa dela estava trabalhando? Era uma produtora, ou ela havia virado PJ para conseguir recursos e colocar a história na estrada? Cabeça a mil antes do espetáculo. E todas as perguntas não respondidas até agora. Mas isso me mostrou um lado que desconhecia da atriz. Como se conhecesse suas outras fachadas. Pra se ter uma idéia do meu nível de conhecimento sobre Secco, antes de escrever esse texto, digitei no google o nome dela para não o escrever errado, por que aí era burrice. No mais, continuo sem saber inclusive qual método ela utilizou para colocar o silicone, algo que um dia ainda ei de saber. Mas voltando ao espetáculo...
Deborah e Erom trabalham muito bem o tempo todo. O timming é perfeito. Não há improviso. Houve ensaio e isso é muito legal - levando em consideração que se tivesse que enquadrar tal espetáculo em alguma categoria, mesmo a contra-gosto, deveria ser no de comédia romântica, e esses amam o improviso.
Uma outra surpresa quando as cortinas se abrem. Além dos atores, o palco é, na verdade, formado por 3 grandes telas com imagens que ajudam a contar a história. E como a enriquecem. Eu perdi a primeira informação logo de cara. Estava distraída passando o olho por todo o cenário e pensando se ali seria mais um meio de Deborah mostrar quão boa era a forma dela. (ainda não rolou Playboy) E se iria jogar tempo e dinheiro fora. Sorte minha que a pessoa ao meu lado não pensava tanto quanto eu. A info que perdi era o ano: "1970". E isso foi o start que precisava para entender que o espetáculo iria oferecer muito mais do que a encenação dos dois atores.
Fugindo completamente do tema... puta que pariu pro Erom Cordeiro. O cara está com o corpo lindo. Um dia antes fui assistir Amor a toda prova e em uma cena, quando o cara tira a camisa, a menina se recusa a tirar o vestido. Ela fica chocada com o abs dele e pede para tocar. Deu vontade de levantar a mão e perguntar: "posso tocar?" Não é exagero. Fiquei impressionadíssima. Sempre que ele arrancava a camisa eu me surpreendia. Os homens podem não entender, mas músculo é algo que a maioria tem em excesso ou falta. Ele tem na quantidade certa e em todo o corpo. Inclusive costas.
Mas deixa eu voltar pra realidade e continuar falando do motivo que me fez escrever tal texto. As perguntas: "você gostou?" e "vale a pena?" são sempre uma pegadinha pra mim. E como rolou pegadinha nas últimas 24h... Eu, faço uma cara meso meso e deixo pra lá. Pra mim, mais do que valeu a pena. Me surpreendeu. Eu não tinha nenhuma expectativa quando ao que veria. Não havia um pré-conceito formado. Nem o nome, que me soava familiar, saberia dizer se o era. E por que surpreendeu:

  • Deborah Secco, produtora?
  • Cenário como ambiente transformador e integrante da história
  • Uso de vídeo com cenas históricas do país utilizados para ajudar a marcar o tempo, como também para compor a lacuna de tempo que os atores precisavam para trocar de figurino. E como enriqueceu a experiência
  • Deborah fez ballet! E não foi pouco tempo. As noções se tornam cada vez mais visíveis durante o espetáculo
  • Modo como interpretam o sexo com o passar do tempo para os personagens é muito legal. O desespero juvenil que dá lugar ao conhecimento, à maturidade.
  • Trilha sonora
  • O corpo de Erom Cordeiro - percebeu o artigo?
  • escolha das imagens, hora históricas, hora subjetiva
  • figurino
  • iluminação
  • texto
  • Os 5 minutos finais
  • cena do basta
Aí pergunto: gostou? Como responder. Se você não curte viajar na maionese como eu, em ver a subjetividade dos pequenos gestos, se não gosta de história, se fica desconfortável na frente de um casal semi nu, se não curte comédia romântica, posso te dizer que compensa? Como saber se você gosta dessas coisas? Não dá para andar com uma lista e dizer: se você respondeu sim para 5 das 10 alternativas, você faz parte do público alvo. 
Acredito que tem gente que percebeu um mundo bem diferente que eu e gostou. Ou gente que percebeu o mesmo e não curtiu.
O que posso dizer é: veria de novo. Mas eu gosto de ver algo mais de uma vez. De retornar com o pré-conceito e depois analisar se ele foi desfeito nessa segunda impressão.
Logo, não me pergunte se é bom ou ruim. Isso é muito pessoal, muito complicado, tem a ver com o mundo que construí e que me construiu. Com as informações que entendo como verdade, com os conceitos que assimilei pela vida. E como esses conceitos mudam de ser humano para ser humano, só tenho uma resposta. Ou você vê e cria sua resposta, ou você viverá o "se".

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Se a vida me ensinou alguma coisa é que nada se repete. Nossas experiências nos fazem ser quem você é naquele momento, mas não ajudam a enfrentar as situações mais ordinárias. Elas aparecem e você pensa. Ok. Faço como da outra vez e tudo vai dar certo. Seria tão simples se fosse assim. Mas não. Tem sempre o filho da puta do destino pra atrapalhar as coisas. Pra tirar a gente do modo automático - que nós ajustamos para conviver nesse mundo contemporâneo - e nos desprogramar.
O pior é que ele não faz isso de modo sorrateiro. Do jeito que pai e mãe fazem com a gente. Nos manipulam e quando vemos estamos em uma situação que não queríamos.
O destino curte é o reboot. Quando tudo parece ir bem, vem ele e te ranca o chão, a parede, a cadeira, o escoro. Te obriga a se posicionar sem tempo para processar.
Num primeiro momento, o modo segurança é ativado. É preciso reiniciar e enquanto isso acontece, você toca o barco. Faz o que precisa ser feito. Foda mesmo é hoje. Quando vê-se que memória e HD continuam ali, funcionando. Aí... é encontrar o chão. Esteja ele onde estiver. Como é a porra do destino. Não dá pra saber quando e onde está nosso encosto. Qual caminho que deve ser seguido. É hora de levantar e ir. Pra onde, como, por que? Isso a gente descobre é no meio, tropeçando, caminhando ainda que com ar pernas trêmulas, sem forças para ficar em pé. É preciso colocar a melhor roupa, usar o discurso que está tudo bem e deixar a vida te levar. Não há escolha. Não há opções paralelas. O jeito é se reprogramar de novo e tentar mostrar que você está ali. Como sempre, da mesma forma que antes. Funcionando de acordo com as expectativas de quando você ingressou aquela sociedade. Senão... não há essa opção.