Eu brincava de bonecas e barbie enquanto ele desmontava TVs, geladeiras, e qualquer eletrônico que desse mole ao seu lado. Não lembro quando o conheci ou a primeira vez que ouvi seu nome. Só sei que nossa diferença de idade não passava de 1 ano e ele era o primo super heroi de uma das minhas melhores amigas.
Alguns anos mais tarde, Francisco passou a ser Perigoso. Deixou de destruir eletrônicos para arrebatar os corações das adolescentes de Lagoa da Prata. E o fez com a modéstia de um verdadeiro galã e a galinhagem de um grande Don Juan. Não sei de onde saiu o apelido, mas o fazia justo. Aquele garoto, recém chegado à cidade era mesmo um perigo para as garotas. Muito inteligente, esperto e diferente dos garotos que conhecíamos. Sem contar que poucos, muito poucos tinham uma beleza física próxima à dele.
Além disso tudo, Francisco, desde cedo, comandava os rumos da vids. Sabe aquele ditado de que é melhor viver um dia como leāo do que sem como cordeiro? Perigoso desde criança abraçou a vida como um felino.
Com o passar dos anos fui perdendo contato. Não que tenha tido muito. Era apenas um aceno com a cabeça, ou o trivial "ei, tudo bem?" ou "como está?". Mesmo assim, as notícias sempre chegavam. E Francisco era o tipo de pessoa que nunca foi necessário perguntar. Ele era assunto, pois sempre foi do tipo que marcou as pessoas com quem teve contato. Ordinário nunca. extraordinário sempre.
E como todo ser humano inteligente, Francisco sofreu para se ajustar ao seu tempo, às exigências impostas pela sociedade vigente. E não decepcionou. Mostrou-se exímio no que se propôs a fazer.
Ao se tornar pai, foi presente, da sua forma. Era do tipo que parava para brincar e o fazia por querer, não por obrigação.
Perigoso, talvez por não suportar viver sem intensidade, partiu bem antes do que esperávamos e deixando várias peguntas no ar. Surpreendeu mais uma vez. Para trás ficaram memórias, histórias de um garoto que viveu a vida à 300km por hora, sem nunca pisar no freio. Francisco explorou possibilidades, estilos de vida. Soube valorizar o que realmente é importante. Não tenho dúvidas que viveu, em 30 anos, o que a maioria não consegue fazer em dois séculos. São pessoas como Francisco que viram mito.
No momento, visualizar o futuro não é fácil, mas esperarei o dia em que ouvirei, em um grupo de adolescentes, eles comentarem de um garoto e suas peripécias.
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