quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Não vou dizer que sou contra dinheiro. Mas ele não é prioridade em minha vida. O dinheiro é um instrumento que tenho para realizar minhas vontades e das pessoas com quem me importo. Essas sim estão em primeiro lugar. Amigos, família, colaboradores, parceiros. Por que no fim do dia o que conta não é se sua conta corrente está com x ou xx ou quantos carros você tem na garagem. E sim se você tem alguém para conversar, rir sobre algo bobo.
A cada dia percebo como as pessoas esqueceram disso. Esqueceram que o outro tem sentimentos. Entre os protestantes eles - os que você não conhece - são chamados de irmãos. Uma nomenclatura que demonstra a importância do respeito com o outro. Um respeito que foi perdido.
Há alguns anos li uma pesquisa realizada em BH que mostrava como as pessoas ignoram os que realizam trabalhos de menor prestígio social como uma empregada doméstica, um gari ou pedreiro. Como se eles fossem diferente da classe média nariz empinado que acha que predomina o país.
Para sua informação, pelo menos 100 milhões de brasileiros vivem com 1 salário mínimo ou menos. Mais da metade da população. É entre esse grupo que existe amor ao próximo e solidariedade. Eles não ajudam por que isso deduz no imposto de renda. Eles não maltratam os outros e passam por cima de tudo e todos para terem suas vontades realizadas. Isso é o capitalismo em seu modo mais cruel. E isso doi.
Em minha casa, onde cresci com minha mãe e meus dois irmão, prostituta e madame sentam e são recebidas com o mesmo respeito. Empregada doméstica nunca foi maltratada. Se minha mãe comprava um aparelho eletrônico novo, o velho não era vendido ou encostado. Era doado.
Onde está esse tipo de ação?
Quando desligar o telefone na cara dos outros, mentir, dissimular passou a ser algo normal e até certo ponto correto?
Estou em crise. Pode até ser TPM, acredito que a desculpa de um descontrole emocional provocado por hormônios não possa ser usado aqui, mas juro que não sei se esse é o mundo em que quero viver. Ainda não é dezembro, mas está na hora de repensar o que vale a pena. O que precisa ser mudado em nós. No comportamento e no tratamento com o outro.
Não sei se já falei isso, mas uma fase em que retornei a terapia, um dia, numa das últimas sessões a psicóloga disse algo que me perturba desde então. Disse que minha insatisfação me levaria a viver isolada no meio da floresta um dia. Quando ela disse isso, achava que aconteceria em 30, 40 anos. Passaram-se 5 anos e eu quero fugir. Deixar tudo de lado. Levar comigo alguns lápis, moleskines, uma polaroide e só. Sumir por esse mundo para reencontrar o que perdi: a fé nas pessoas

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