Me interessei por "Cinquenta tons de cinza" no dia em que li uma nota no IMDB sobre o número de atores que estavam fazendo testes para participarem da produção baseada no livro, nos Estados Unidos. Normalmente evito ler esses livros super mercadológicos. Mas quando eles ultrapassam uma barreira invisível e se tornam fenômeno, me sinto obrigada a ler para ter uma opinião formada sobre o assunto.
Para isso, não li críticas, crônicas ou reportagens sobre o mesmo antes de ler primeiro. Só o burburinho já me havia convencido a ler. Ouvi de "leia com um OB" até "Chorei no fim". Se fosse ler o que os outros pensam sobre o mesmo, meu olhar sobre a obra provavelmente não seria a de agora.
Verdade ou mito, o relacionamento de Ana e Christian segue a mesma linguagem de Edward e Bella - personagens da saga Crepúsculo, do qual ouvi dizer ser a autora muito fã -. Se for verdade, isso explica muita coisa. Ana e Bella são puras, desastradas. Edward e Christian maravilhosamente irresistíveis, misteriosos e protetores. Até a fala "você deveria ficar longe de mim" tem em ambas trilogias. Rialto quando li isso no livro. E ele também fala isso quando ela está em uma situação de "risco". Inspiração? Cópia? Não sei dizer. E Jake pode ser José ou Ethan. Torço para ser o segundo, que aparece em 2 páginas do livro. Mas já é suficiente pra saber que é uma história que pode render.
Eu esperava mais de 50 TDC. Pra começar, não sei se devo dizer que o livro seja erótico. Tem anime bem mais pesado por aí. Ele é repetitivo. Com o passar das páginas, começa a ficar cansativo. É a repetida história: Ana fala sobre seus sentimentos e na hora de confrontá-lo, ela se deixa levar pelas novas experiências sexuais.
Acredito que por Grey ser um Zeus do sexo - Afrodite soaria estranho - ele é o atual sonho de consumo de qualquer mulher. Mas só isso não é o suficiente.
De resto, não consigo ver o que Mr. Grey tem de tão fantástico que tem mulher querendo terminar relacionamento pra sair a procura da ficção. Desde quando um homem fechado, extremamente traumatizado, arrogante e mandão virou o sonho de vida da mulher contemporânea? Sério. Isso eu não consigo entender.
E nem dá pra dizer que a história é um tentando mudar o outro. Esse é um ponto pelo qual o livro passa, mas não é o centro. E não seria justo já que ele é contado do ponto de vista de Ana.
Pra piorar, são 3 livros. Os 2 primeiros já estão traduzidos para português. O terceiro, segundo a vendedora da livraria, deve chegar ao país no próximo ano. A sacanagem disso é que a leitura não é difícil. É muito, mas muito trivial. São 500 páginas que você lê em 3 dias sem dedicar muito tempo. Pra te fazer comprar o próximo, você tem de brinde o primeiro capítulo da sequência no fim da edição comprada. Onde aí sim, na última página, parece que realmente a cobra vai fumar. Mas pra saber será preciso ler o 2, onde possivelmente nada acontecerá. Aí, lerei o 3 em pdf ou esperarei uns 5 meses e depois irei ao cinema pra ver como ficou na telona.
Como são as coisas. Mesmo me revoltando com Ana e Grey algumas vezes, não curtindo o livro - muito prolixo - ainda estou doida pra começar a ler a seqüência que será adquirida amanhã, assim que o mall abrir.
São os detalhes que o tornam fascinante. Ambos os personagens são complexos e simples ao mesmo tempo. Assim, é impossível não criar algum tipo de vínculo emocional com um deles. É um romance entre o Lobo e a Branca de Neve. Já deve haver até torcida. O envolto da história se passa com um masoquista e, por mais que velado, há interesse em entender o mundo que mistura dor e prazer. Faria 5 flexões só pra saber o que a galera do S&M pensa a respeito desse livro. (não malho. Então não consiga pagar nem duas)
No mais, agora é ler "Cinquenta tons mais escuros" e em seguida "Cinquenta tons de liberdade" e ver quem leva quem para seu mundo. Quantos litros de lágrimas Ana vai chorar, quantos "me desculpe" acompanhado de "você é tudo pra mim" precisarei ouvir.
No momento, ainda não entendi o que faz dele esse fenômeno todo. Estou é torcendo muito para Charlie Tango cair, todos morrerem, José se assumir e casar com Taylor.